quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Povo "pro se" ou da pretensa democracia


[Crédito: Gui Castro Felga]

Por meandros bizantinos, chegámos a mais um dos pretensos momentos de democracia. Pretenso, pois o termo Democracia é uma meretriz lexicográfica, sofrendo mutação conceptual tal que hoje em dia o termo se conota quase exclusivamente com a colocação de um papel numa urna -- a escolha do representante, do político profissional que advoga os nossos interesses numa esfera mais elevada que a do quotidiano.

A representação é uma subversão conceptual da Democracia. É a Democracia dos Explorados, que devem conceder o tempo que deveriam dedicar à sua formação e intervenção política ao Patrão, à jornada de trabalho e a outros assuntos menos perenes. É a Democraciazinha que nos é inculcada como a maior conquista da modernidade, e que é meramente contígua com o Estado de carácter burguês.

Chegou a altura de o Povo ir pro se. Àqueles que decidem colocar o voto na urna (e que espero que o façam à esquerda), há que recordar que a política não se esgota nos Parlamentos. Não se esgota na representatividade -- que a presença do povo nas ruas deve lembrar qual é a fonte da qual emana toda a soberania. Que a presença do povo nas ruas deve ser tão vinculativa como os actos dos representantes.


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